Áudio Transcrito

Então, o processo do espetáculo, que está com nome provisório de ¨Linhas¨, né, é um processo que estamos fazendo pela primeira vez de uma forma inversa. A gente está criando o primeiro o livro para depois chegar no espetáculo, com a direção da Isabel Teixeira. Ela tem uma metodologia que é a escrita na cena, e aí ela trabalha a partir de fluxos narrativos.  

Então, cada um de nós, somos 7 atores na Mungunzá que estamos criando em casa, sozinhos, sem saber o que o outro está fazendo e ai a gente liga a câmera do celular e grava um fluxo de 10 minutos, com o que vier... É um fluxo mesmo, um fluxo narrativo, o que vier na hora para falar, fala. Quando terminar esse fluxo, a gente transcreve tudo o que foi dito, criando como se fosse uma cena, todo o texto, exatamente como ele foi dito, mas com rubrica, e transformamos isso num texto e subimos na pasta, e ai a Bel ela tem acesso a todas as pastas, ela assiste o vídeo de cada um, lê a transcrição e dá uma devolutiva em áudio pra cada um de nós individualmente.  

E a partir dessa devolutiva a gente faz um novo fluxo e assim a gente vai caminhando e verticalizando na proposta individual de cada um, né? Transformando numa personagem ou verticalizando ainda na pesquisa e nos encontros coletivos ela vai dando pistas, do que cada um é, e então ela conversa, faz devolutivas coletivas e a gente vai entendendo um pouquinho pela visão dela, o que que o outro tá fazendo, mas ainda mantendo um pouco esse... esse mistério acerca da criação do outro. E às vezes, a gente se encontra e faz um fluxo coletivo ainda sem que o outro saiba o que a gente está fazendo. A gente está tentando manter esse segredo e revelando homeopaticamente. Então a gente tem caminhado assim.  

Ao final dessa primeira etapa, todos esses fluxos que a gente faz e também as devoluções em áudio que ela faz são transcritos e vão ser transformados num dossiê. E a partir daí a gente vai gerar o livro, a partir do livro, a gente vai entrar em sala de ensaio com ela e aí sim erguer o espetáculo apenas a partir do que foi levantado nesse livro. Assim que está sendo o processo, e por isso que a gente vai apresentar no processo leituras de fragmentos desse dossiê, porque a gente ainda não tem uma perspectiva cênica, né? A gente tem muito mais uma perspectiva da palavra narrativa, porque é assim que esse processo está sendo erguido.