Àudio Transcrito

A Tabula Rasa faz parte de um processo de transformação, né? Eu tenho 5 solos anteriores, o primeiro foi Blackout, o segundo foi Hurts - Contos de Lugares Distantes, o terceiro Hurts - Peixes Nunca Dormem, o quarto Hurts - Ressonância, e por último o Boi Voador. E todos esses solos e esses trabalhos tem uma estética de narrativa, de história, né? Como se fosse uma estética moderna de se fazer, né?   
E o Tabula Rasa vem pra desconstruir essa linha e, produzir um corpo que cria as suas narrativas no território. Esse corpo ocupa o território, e a partir da forma que ele se move, ele vai contando essa história, que sai a partir de experiências sensoriais, conectados à construção musical, que vem pra compor esse trabalho como um suporte essencial, né?  

E acredito que é isso, aos 47 anos, esse desejo de deixar o corpo fluir no território, sem que eu precise me ocupar de contar uma história linear, né? No campo subjetivo, o Tabula Rasa quer trabalhar com a ideia de esquecimento, para poder encontrar algo de diferente. Então, é como se nesse trabalho eu estivesse me conectado a cada movimento que eu produzo com o corpo, a fim de criar uma frequência forte o bastante para provocar esse esquecimento e essa construção de algo inédito no corpo. Essa é a pretensão do tabula rasa nesse momento. Criar acontecimentos e atravessamentos com o corpo e com a ambiência sonora no território!